Nota-se um aumento considerável no consumo de bebidas alcoólicas e alimentos processados. A população está se afastando cada vez mais de seus bons hábitos devido ao isolamento social.
Por Rafaella Grimaldi e Gabriela Garcia.
A pandemia mudou completamente a vida de toda a população mundial. O isolamento social em virtude da Covid-19 forçou as pessoas a alterarem os seus hábitos, entre eles, os alimentares. Não somente o manuseio da comida, bem como cuidados e higienização, mas também a forma como as pessoas passaram a se alimentar.
Pelo fato de ficarem em casa durante longos períodos, as pessoas começaram a adotar um estilo de alimentação muito mais calórico. “Eu percebi muitas mudanças nos meus hábitos alimentares, e com certeza tem relação com toda essa situação que estamos vivendo”, diz Rafael Guedes, 19 anos, estudante de publicidade e propaganda na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Em uma pesquisa feita por intermédio do Instagram, a reportagem coletou as seguintes informações:
Figura 1: pesquisa realizada com 300 jovens mostra que a maioria notou mudanças em seus comportamentos alimentares.
Figura 2: pesquisa realizada com 300 jovens revela que quase todos notaram alterações em seu físico durante a pandemia.
A nutricionista Larissa Porazza explica que existe essa mudança nos hábitos porque as pessoas estão vivendo um momento de muito medo, pois ficaram completamente isoladas.
Isso acaba gerando ansiedade e estresse, o que faz com que muitos descontem na alimentação, gerando uma compulsão, principalmente por alimentos com grandes quantidades de açúcar e gorduras, que geram uma sensação de “recompensa no cérebro”.
“Atacou demais a minha ansiedade, inclusive eu tive a primeira crise de ansiedade da minha vida, foi horrível. É muito ruim ficar em casa sem interagir com ninguém”, revela Giulia Machado, 20 anos, estudante de Engenharia Química na Faculdade Oswaldo Cruz.
O estresse e ansiedade são os principais fatores que geram essa compulsão alimentar, uma vez que o isolamento social afetou consideravelmente o psicológico de toda uma população.
Dessa forma os indivíduos encontram em comidas com grande teor de açúcar e gordura um certo conforto. “Quando ficamos parados, algumas pessoas acabam comendo por estarem entediadas e sem ter o que fazer. Se você perceber, quando estamos muito ocupados, até esquecemos de comer”, relata a nutricionista Larissa.
O hábito de cozinhar foi perdendo espaço para comidas processadas, dado a facilidade do preparo. Vale ressaltar que o medo de exposição ao novo coronavírus também fez com que muitas famílias preferissem comprar maior quantidade de alimentos industrializados, que podem ser estocados em casa por mais tempo.
A má alimentação afeta também a questão de imunidade e falta de vitaminas, pois para uma alimentação saudável é necessário ingerir alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras e proteínas. Além de que os maus hábitos podem desencadear doenças de risco à Covid-19, pois esses hábitos estão associados ao desenvolvimento de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e outras doenças crônicas.
Os exercícios físicos, que também fazem parte do conjunto para uma vida saudável, foram deixados de lado, como informa o personal Gabriel Matos. “Longos períodos em casa desconstruíram hábitos saudáveis, fazendo com que fosse mais difícil manter o peso”, explica.
“Na primeira semana da quarentena eu tentei manter o ritmo de exercícios, mas tive dificuldades porque eu estava muito acostumado em me exercitar fora de casa”, conta Guedes. Dos 10 jovens entrevistados, 7 assumem estar com dificuldades de manter sua rotina de exercícios.
Outro ponto importante é o consumo de bebidas alcoólicas. A Fundação Oswaldo Cruz juntamente com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a Universidade Estadual de Campinas realizaram a pesquisa de comportamento “Con-Vid” durante esses meses de pandemia e constataram que 18% dos brasileiros aumentaram o consumo de álcool no período de isolamento.
“Direto estou tomando cerveja ou vinho, com uma frequência bem maior que antes”, desabafa Giulia. “Eu estou bebendo umas 4 vezes por semana, e durante ela, coisa que eu não fazia quando eu tinha minha rotina”, conta João Pedro Moreira, 22 anos, estudante de administração da Universidade Federal de São Paulo. “Pelo menos 3 vezes durante a semana eu consumo alguma bebida alcoólica”, confirma Felipe Zanelato, 21 anos, estudante de matemática.
A reabertura de academias e parques são importantes na reversão do quadro alimentar das pessoas. Além disso, a população está começando a se adaptar à nova rotina, o que pode ajudar a reduzir a angústia e o medo. Com a flexibilização do isolamento espera-se que as pessoas consigam aos poucos ir retomando seus antigos hábitos saudáveis.
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