Cinemas ao ar livre voltam a ter destaque durante período de isolamento social.
Por Lucas da Silva Fonseca
O cinema é uma arte que constantemente passa por mudanças. Conforme a tecnologia foi evoluindo, os filmes foram exibidos em diversas plataformas, como televisão, DVDs e serviços de streaming. Porém, pela primeira vez, um método antigo e já quase extinto de exibição voltou a ser usado. Sucesso durante os anos 50 e 60, os cinemas drive-in tiveram uma passagem pelo Brasil, entretanto em menor número comparado aos Estados Unidos. Isso se deve ao fato de que automóveis eram um artigo de luxo naquela época, que poucos cidadãos tinham acesso.
Para gerações atuais, esse cenário provavelmente só foi visto em filmes e séries do século passado: um pátio aberto cheio de carros estacionados, com a tela grande à frente e os espectadores dentro de seus veículos, sintonizando o som do filme pelo rádio. Com tudo que estamos vivendo, os drive-ins recuperaram sua popularidade em países como Estados Unidos, Alemanha e Coréia do Sul.
Antes da pandemia, havia apenas um cinema drive-in funcionando no Brasil, o Cine Drive-In, em Brasília. Inaugurado em 1973, o espaço comporta 500 carros e possui a maior tela de cinema do país. "Sentimos uma diferença no cinema por causa da pandemia. A gente até estranha toda essa mudança", afirma a diretora do complexo brasiliense, Marta Fagundes, em matéria publicada pela Folha. Antes da quarentena, as vendas giravam em torno de 30 a 40 ingressos numa segunda-feira normal. Quando o isolamento começou, foram compradas 2800 entradas só no primeiro fim de semana após a reabertura, em maio. "Tivemos uma surpresa com a reação das pessoas, que chegaram a ficar uma hora na fila para entrar", relata Fagundes na matéria publicada.
Uma alternativa segura
Em meio à incerteza da reabertura das salas de cinema, que se encontram fechadas para prevenir a disseminação do vírus, os drive-ins passaram a ser a principal alternativa para assistir um filme. Em entrevista para o G1, o médico e professor de pneumologia da
Universidade Federal de São Paulo Oliver Nascimento, diz que a possibilidade do vírus se
alastrar do ar de um carro para outro é praticamente nula, mas alerta que o distanciamento
deve ser preservado entre as pessoas que estão dentro do carro. "No carro, a distância mínima não é cumprida. Se uma pessoa estiver fora do carro, vendendo comida ou oferecendo outros serviços, já oferece risco”, afirma o médico.
Enquanto não podemos reviver a emoção de estar lado a lado com milhares de pessoas cantando ou dançando nossas músicas favoritas, devemos lembrar que eventos não dependem necessariamente de aglomerações. Eles dependem de pessoas. Eventos musicais acústicos, estilos como MPB, voz e violão, shows de stand-up e palestras de vários tipos ou shows teatrais, por exemplo, podem funcionar mesmo sem uma plateia aglomerada.
A popularidade dos drive-ins no passado se deu devido ao seu ar intimista e romântico. A estrutura dos carros permite que o evento seja amigável e seguro para famílias, que ficam confortavelmente espalhadas em seus veículos. No momento, essa opção é uma forma mais confiável de lazer mesmo com todas as dificuldades que estamos enfrentando.
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